março 29, 2008

Febril

e lá estava ela. a tal dita. dita que ninguém falava. não era bem dita, não era mal dita. apenas dita. falava para si, enxergava sua espera. via, de longe, um trem cego que percorria suas entranhas, agitava seus instintos, confundia sua cabeça. uma confusão envolvente, uma bruma sem nome. com nada. estava despida de seus pudores, de suas fantasias cotidianas. vestia apenas um arrepio que vinha da nuca até a canela. (ou seria o contrário?) os pés estavam inquietos. os olhos viam o negro de uma pausa. o coração sentia encostar no peito aquela mão. parecia que ia quebrá-la por inteiro. os cabelos eram longos - nem tão atraentes -; os lábios que deixavam-na curiosa. olhos que acertavam-na feito punhais. esquartejou-se em mente. mentiu sobre o que era aquilo. aquele. aquela. dita. bendita seja a noite - esta. maldita ansiedade - a dita. sorte encontrarem-se. destino cruzarem-se. os copos continham veneno, mas nada era mais perigoso que aquela voz cuspindo palavras embrulhadas em lâminas. veneno é o tempo. ela era só mais uma. nome não sabia; nem interessava. apenas não queria acordar. sabe-se onde? lá?

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