dezembro 14, 2011

Ciclovida

Dor não cura ao criar uma culpa
Nem se arremessá-la adiante
Embriaguez não disfarça tristeza
Balcões não confortam
E copos não debatem
Embaixo do tapete não há mais espaço
E depois do relógio só há o tempo
Assumir as respostas escondidas
Deve ter gosto melhor que desgaste

dezembro 12, 2011

A (minha) verdade sobre Summer Finn

Se tu não conheces Summer Finn, assiste ao filme "500 Dias com Ela" (500 Days of Summer) antes de ler este texto.

 

Eu admiro Summer Finn. Sou fascinada pela maneira como consegue ser livre. Liberdade virou aquele clichê, que o pessoal adora selecionar e publicar em perfil de rede social - quem nunca o fez, que atire a primeira pedra - porém, a gente sabe que essa palavrinha tão mágica e banalizada carrega um significado bem mais profundo, embora aparente um sentido tão raso. Acontece que ser livre dos próprios medos, desejos, defeitos e até das qualidades não é tão fácil quanto citar Clarice Lispector.

Haja coragem para ser livre. Para dizer não. Para dizer sim. Para aceitar. Ser livre muito tem a ver com pisar no próprio orgulho. É assumir o erro e ter energia e, ainda, vontade para recomeçar. É perdoar. Também é possuir bravura e sabedoria para finalizar uma história ou iniciar um romance. Liberdade é saber vencer. Provavelmente, o dicionário ou as tantas sugestões que eu venha a escrever não alcançarão o patamar de um estado de espírito tão belo. Afinal, o que torna uma pessoa livre? Ser livre é muito além disso tudo, dos outros e de si. Filosofias a parte, é o que Summer Finn transparece. Do início ao fim da história sobre o amor ela é franca. Não que eu veja a vida sob medidas (e até soe contraditória), mas acredito que não há liberdade superior a de poder ser.

Summer não vive um conto de fadas com Tom porque não quer. Ela é distante e íntima quase na mesma intensidade. E embora ele represente o príncipe urbano do século 21 para a maioria das jovens que, como eu, se apaixonam pelo filme, Summer não o sente desta forma. Tom é apenas um rapaz interessante e divertido que conheceu no trabalho. Fim. O ponto inicial onde se desenrola a história é o mesmo no qual ela desemboca. Summer determinou isso. Pois é livre.

E se Summer tivesse se apaixonado por Tom, ela seria livre?

Sim, por que não? Paixão liberta. O que não é sinônimo de leveza. Para mim, paixão diverge entre a dúvida do que acontecerá nos próximos segundos e o sabor da certeza do que se quer, misturados com doses extras de cumplicidade, coragem e libertação, a ser entrelaçada por sorrisos intermitentes. Tão boa de sentir. De viver. Pena que Tom não a plantou no coração de Summer. Dona do próprio nariz - assim, livre -, foi embora. Deixou a maioria das espectadoras com dó do carismático jovem ao lhe dar as costas e escolher ficar nos braços de outro.

Ela não acreditava no amor, até que o encontrou. E Summer foi honesta com Tom ao lhe contar sobre repentina colisão. Certa? Errada? Egoísta? Ela teceu a própria história com a liberdade flutuante dentro de si e, por isso, me encanta. Apenas. Tão simples. Tão complexo.

Carrie on. Always!

dezembro 11, 2011

Do popular: "com chave de ouro", encerrando o domingo.



Esperando, cada vez com mais ansiedade, pelo documentário From The Sky Down. U2, minha banda do coração, formada de músicos, compositores e intérpretes por excelência.

dezembro 10, 2011

Indiferença

Um silêncio tão agudo, que reflete áspero na pele.

Um aperto tão vazio, que derrama dores na cama.

Um retorno. Que não chega.

dezembro 06, 2011

Passeio noturno

Olhei pra dentro
Pisquei na hora
Sonhei num barco
Coração afora
Sorri pro lado
Esquerdo torto
Braço direito
Que abana errado
Peguei o cigarro
Por entre os dedos
Da mão contrária
Esquerda certa
Joguei o corpo
No fundo d'água
Falei com os peixes
E acordei lá fora