junho 29, 2008

tem gente que precisa de silicone. no cérebro.

ainda

ando sem criatividade
ando sem dom
ando procurando inspiração
ando procurando
ando encontrando
ando encontrando aos tropeços
ando frustrando o meu ser
ando identificando
ando temendo
ando ouvindo
ando falando
ando pensando
ando olhando pra baixo
ando cansada
ando contente
ando noturna
ando sem rotina
ando sem rumo
ando sem chão
e ainda ando

junho 13, 2008

Sempre Lanna


Talvez isso seja pequeno. Uma homenagem pequena para uma grande pessoa.
Hoje és, ainda, maior. Maior perante a lei, sempre maior perante os outros. Porém, continuas sendo a minha “baby girl”. Sempre serás. Aquela da voz fina. Que é forte, que luta, que fala e muda de idéia falando – afinal, triste é aquele que não tem idéias para mudar, já dizia o poeta. És aquela que é tão parecida comigo e tão diferente de mim. És a minha metade. És. És humana. És alguém. Alguém que chora, sorri, debocha, diverte, ouve, cativa e sente. Sentes, sempre sentes. Sentes compaixão, amor, vontade, felicidade. És apaixonada pela vida e ela por ti.
Tu és o retrato perfeito de uma verdadeira amiga. Amiga a qual não molda os problemas, enfeitando-os, enganando a nós mesmas, como se eles não existissem. Existem sim. E não é apesar de tais problemas que sobrevivemos juntas, que dedicamos tantos anos uma à outra. É por causa deles. Cada diferença, estranhamento ou falta de comunicação só mostra o quanto somos fortes. Agradeço aos problemas, de verdade. Eles só provam o quão doce é o sabor da vitória. O quanto é satisfatório e engraçado pisar em cima deles, ao teu lado. Rimos dos obstáculos, das verdades e de nossa vida, tão leve. É tudo tão pequeno e tão grande quando estamos juntas. Tudo se torna possível. O perigo é sedutor, as risadas são inevitáveis, os olhares são compatíveis e os pensamentos, sempre, sintonizados. O tempo, em nosso caso, é o grande paradoxo; é o veneno e é a cura. É a falta dele que nos separa e é graças a ele que estamos juntas.
És minha irmã e és indócil. Tu dizes que sou teu chão, pois eu digo que és meu céu. Tu és para onde corro quando preciso de colo ou, simplesmente, enriquecer meu dia. Despertas em mim outra; querendo muito, capaz de tudo. És linda dos cabelos picotados, olhos negros e profundos, até a alma. Tens alma. Alma de garotinha, de mulher, de artista. Metade Amélie, metade Marilyn.
Completares dezoito – muito bem vividos – anos é, também, o meu aniversário. Como é bom estar contigo em mais um 13 de Junho! Faço parte da tua história, assim como fazes parte da minha. Já não conseguiria viver sem teus conselhos, nossas conversas, nossas gargalhadas, nossos abraços, nossas palavras, sem ti. És imprescindível. És mais parte de quem sou do que imaginas. Ah, e como imaginas! O mundo é teu, Neneca. As cores são tuas. O inferno são os outros. Tens contigo toda a força que precisas, podes ter certeza. E tens em mim um poço de luz, que sempre vai te iluminar quando estiveres sob alguma nuvem.
Amiga, tu és mais, muito mais. E eu quero, aqui, humildemente te parabenizar. Que tu continues sempre assim; sempre meiga, sempre alegre, sempre simples. Sempre Lanna. Eu te amo demais. Um beijo estalado e um abraço apertado.

junho 08, 2008

Miracle Drug


Freedom has a scent
L
ike the top of a new born baby’s head

junho 07, 2008

Idealizo uma sala - mais parecida com um banheiro. De vidro. É tudo em tons de azul, até a luz. Um azul claro, quase branco. No meio do ambiente há uma banheira branca. A água ali contida é azul, devido à iluminação. Dentro da banheira há uma mulher usando roupas vermelhas, sua pele é branca – não azulada – e seus cabelos são negros. Em seu rosto e corpo há marcas de violência. Ela não sente dor, apenas tenta nadar naquela água contrastante. É dia lá fora. De repente, ela sente um aperto em seu peito. Sua boca seca e seus olhos parecem insignificantes. Não há sinal, não há relógio. A criança que ela abandonara ao tornar-se mulher lhe vem à mente. A boneca que carregava nos braços ainda está intacta sobre sua cama, na casa de mamãe e papai. Ela não consegue mover os lábios. Então, eis que ao piscar os olhos surgem olhares - todos voltados para ela. Em nenhum deles havia expressão. A luz azul não mais havia e sua solidão fora embora juntamente com seus sinais vitais. E agora? – Pensava ela. Bem-vinda ao Inferno, Parlo. – saudou o Anjo, antes.

Cuidada

De repente as idéias clarearam, ainda que as palavras estivessem embaçadas. Passei tempos nadando em uma incerteza profunda, com angústias a me socorrer. De que adianta – pensei comigo mesma – nadar em dúvidas e apoiar-se em mágoas? Para que servem as mágoas? As vezes prefiro ter lembranças de nada e nenhum. Eu quero é paz. Hoje aprendi a cuidar. Cuidei das palavras, dos gestos e das expressões faciais. Cuidei porque quis. Posso ser muito inexpressiva aos outros, enquanto que, para mim, estou sendo extremamente clara no que quis apresentar aos que vêem. A intenção de cuidar era não deixar qualquer que fosse o ser desconfortável. Qualquer que é – e é. Quem acabou segurando a bomba - e digo de tal – fui eu. Ao pisar em terra firme desci do salto, soltei o cabelo, lavei o rosto e botei abrigo. Confortou-me o fato de poder rir altíssimo ou simplesmente ficar em silêncio. Nem sempre aquilo que se quer é o que se precisa. Eu não precisava cuidar de nada. Eu quis. E é quase crível – se não fosse a sílaba in que acabei de acrescentar no início da palavra – que aceitei tudo. Pesa muito. Porém, sossega. Não entende? Pois é, nem eu.