outubro 04, 2008

embalo

pensei em parar para refletir, quando de repente ela apareceu. e como sempre, me tirando do quarto, me tirando de mim e me encaixando de volta. me fazendo alçar vôos e paradoxalmente me mantendo com os pés no chão. faz falta sempre e, em mim, possui dois lugares únicos - o de irmã teimosa e de amiga-mais-compreensiva-do-mundo. igual a nós duas, com certeza não há. agradeço a minha amiga por mais uma noite amiga.

setembro 18, 2008

Surpresa!

de repente, passei a sentir. sem medo para sentir. sem medo de sentir. apenas sentir. e senti.

agosto 12, 2008

Nós



E aí, de repente, nós vemos que crescemos - de um dia para o outro - e que nesse intervalo de mudança de data ficou um vazio, antes preenchido por outra pessoa. Nós sabemos que não existe alguém capaz de preenchê-lo, mas não acomodamo-nos com tal vão. Então, nós saímos pela porta e deixamos a janela aberta. Procuramos novidades, verde, sol, estação, filmes, calor humano, palavras sinceras, risadas vagas e cheias de alegria. É estranho como tantas maravilhas acontecem em nossa vida e não percebemos mais a falta que aquele pretérito-mais-que-perfeito faz - e, como, nem queremos que ele volte. Mas, mais estranho é essas pessoas, que tanto nos fizeram sorrir, não mais participarem de grande parte dos acontecimentos de nossa vida e, ainda assim, sorrirmos de verdade. Sem nostalgia, demagogia ou fingimento. A vida, simplesmente, não parou e tampouco parou o coração. Tanto amamos essas pessoas! Elas chegam à nossa mente sempre, porém, parece que nos acostumamos com sua ausência em nosso cotidiano. Elas não ficaram no passado ou em algum porta-retrato; permanecem em nosso coração embrulhadas para presente em um pacote brilhante. E proporcional à maneira que nos fizeram crescer, elas também cresceram dentro de nós. A distância não muda nada, jamais. Desde que haja diálogo podemos morar no Japão e outra parte na Argentina que seremos, sempre, como irmãos. Ah! E é tão bom receber um abraço já conhecido... Receber aquele carinho que há tanto tempo não sentimos. Notar cada diferença, saber que também fomos notados e, ainda assim, haver respeito e amor em cada palavra trocada. Não nos deveria trazer tristeza mas, sim, felicidade - porém, essa idéia parte da consciência de cada um -, pois somos a união de cada pedacinho que nós acrescentamos às pessoas.

pra ficar tudo jóia rara

sem som. sem desconforto. cem! o abismo daquele olhar me jogou no clichê. se for pra escrever, será da sorte que tenho e não daquilo que sobra. deixei as tristezas longe - as cobri com calor de presente. o passado se encontra da porta pra fora, sem nenhum amasso. e o futuro, ó Deus, quem sabe?

julho 29, 2008

passo
para
o novo
retomando
o que
passou

julho 14, 2008

introspectiva.


eu vi o sol acariciando o mar
eu estava recém chegando à partida
e me deu saudades do (tal) amor

julho 06, 2008

temor

temo o tempo
temo a tempestade
não temo o amor
mas temo amar-te
a isso temo
porque temo que não temas
a ardência de meus sussurros em tuas orelhas
e a transparência de meus suspiros em tua nuca

julho 04, 2008

4 de Julho


Eu gostei tanto, tanto que vou colocar aqui. Post da Lanna de hoje, dia do meu aniversário. Eu? Tô todaboba.


Minha melhor amiga

Ela é rude, mas aprendeu com o tempo que todos têm seu valor.

Ela é simples, no jeito de se vestir. No jeito de calçar os sapatos. No modo como usa seu all star velho e amarra os cadarços com lentos lacinhos.

No entanto, mesmo assim, ela é tão sofisticada. Discursa tão bem e tão bonito. Convence qualquer um. De suas loucuras, de seus temores.

É intensa. Profundamente enriquecedora. Culta. Inteligente.

Uma mulher do século XXI, com os princípios de uma princesa medieval.

Ela é meu cérebro. Meu ponto de partida e de chegada. É minha irmã. Minha cúmplice. Minha consciência. Minha festa. Meu alvoroço. Meu silêncio.

São tantos os vocábulos que te definem. É tão profundo meu sossego quando penso em nossa amizade.

Tu és uma mãe. Uma filha. Um livro. Um copo de leite. Tu és um abraço apertado, uma alma que entende minhas loucuras, meus fascínios, minhas aventuras, meus erros e meus acertos. És única.

Te admirar se tornou um hábito. Desde as primeiras poesias que escrevias na nossa infância. Já eras tão decidida, enquanto eu mal sabia o que eram rimas. Agora és uma futura jornalista, e eu, eu que mal imaginávamos em uma faculdade. Dou-me de cara com o tempo ultrapassando todas as barreiras.

É mais uma fase que estamos juntas. E mais. Muito mais. Somos o exemplo perfeito da cumplicidade, da amizade verdadeira, do afeto, do carinho. E, posso sim, me gabar disso.

Fazes 18 anos... E um silêncio toma conta das minhas letras. Eu mal sei onde termino e tu começas. Sei exclusivamente que somos a dupla exata. Com muitos sorrisos, muitas histórias para contar aos nossos filhos – que serão primos de sangue imaginário -, com muita sorte, com muito charme, muito xuxexo, e claro, muito sarcasmo. Afinal, o que seria de mim sem as tuas gargalhadas.

Esse é o nosso tempo. Essa é a nossa juventude. E agradeço aos céus, por alguém ter feito meu caminho cruzar com o teu, amiga.

Eu te amo muito

Um beijo enorme e um abraço de urso, daqueles.

junho 29, 2008

tem gente que precisa de silicone. no cérebro.

ainda

ando sem criatividade
ando sem dom
ando procurando inspiração
ando procurando
ando encontrando
ando encontrando aos tropeços
ando frustrando o meu ser
ando identificando
ando temendo
ando ouvindo
ando falando
ando pensando
ando olhando pra baixo
ando cansada
ando contente
ando noturna
ando sem rotina
ando sem rumo
ando sem chão
e ainda ando

junho 13, 2008

Sempre Lanna


Talvez isso seja pequeno. Uma homenagem pequena para uma grande pessoa.
Hoje és, ainda, maior. Maior perante a lei, sempre maior perante os outros. Porém, continuas sendo a minha “baby girl”. Sempre serás. Aquela da voz fina. Que é forte, que luta, que fala e muda de idéia falando – afinal, triste é aquele que não tem idéias para mudar, já dizia o poeta. És aquela que é tão parecida comigo e tão diferente de mim. És a minha metade. És. És humana. És alguém. Alguém que chora, sorri, debocha, diverte, ouve, cativa e sente. Sentes, sempre sentes. Sentes compaixão, amor, vontade, felicidade. És apaixonada pela vida e ela por ti.
Tu és o retrato perfeito de uma verdadeira amiga. Amiga a qual não molda os problemas, enfeitando-os, enganando a nós mesmas, como se eles não existissem. Existem sim. E não é apesar de tais problemas que sobrevivemos juntas, que dedicamos tantos anos uma à outra. É por causa deles. Cada diferença, estranhamento ou falta de comunicação só mostra o quanto somos fortes. Agradeço aos problemas, de verdade. Eles só provam o quão doce é o sabor da vitória. O quanto é satisfatório e engraçado pisar em cima deles, ao teu lado. Rimos dos obstáculos, das verdades e de nossa vida, tão leve. É tudo tão pequeno e tão grande quando estamos juntas. Tudo se torna possível. O perigo é sedutor, as risadas são inevitáveis, os olhares são compatíveis e os pensamentos, sempre, sintonizados. O tempo, em nosso caso, é o grande paradoxo; é o veneno e é a cura. É a falta dele que nos separa e é graças a ele que estamos juntas.
És minha irmã e és indócil. Tu dizes que sou teu chão, pois eu digo que és meu céu. Tu és para onde corro quando preciso de colo ou, simplesmente, enriquecer meu dia. Despertas em mim outra; querendo muito, capaz de tudo. És linda dos cabelos picotados, olhos negros e profundos, até a alma. Tens alma. Alma de garotinha, de mulher, de artista. Metade Amélie, metade Marilyn.
Completares dezoito – muito bem vividos – anos é, também, o meu aniversário. Como é bom estar contigo em mais um 13 de Junho! Faço parte da tua história, assim como fazes parte da minha. Já não conseguiria viver sem teus conselhos, nossas conversas, nossas gargalhadas, nossos abraços, nossas palavras, sem ti. És imprescindível. És mais parte de quem sou do que imaginas. Ah, e como imaginas! O mundo é teu, Neneca. As cores são tuas. O inferno são os outros. Tens contigo toda a força que precisas, podes ter certeza. E tens em mim um poço de luz, que sempre vai te iluminar quando estiveres sob alguma nuvem.
Amiga, tu és mais, muito mais. E eu quero, aqui, humildemente te parabenizar. Que tu continues sempre assim; sempre meiga, sempre alegre, sempre simples. Sempre Lanna. Eu te amo demais. Um beijo estalado e um abraço apertado.

junho 08, 2008

Miracle Drug


Freedom has a scent
L
ike the top of a new born baby’s head

junho 07, 2008

Idealizo uma sala - mais parecida com um banheiro. De vidro. É tudo em tons de azul, até a luz. Um azul claro, quase branco. No meio do ambiente há uma banheira branca. A água ali contida é azul, devido à iluminação. Dentro da banheira há uma mulher usando roupas vermelhas, sua pele é branca – não azulada – e seus cabelos são negros. Em seu rosto e corpo há marcas de violência. Ela não sente dor, apenas tenta nadar naquela água contrastante. É dia lá fora. De repente, ela sente um aperto em seu peito. Sua boca seca e seus olhos parecem insignificantes. Não há sinal, não há relógio. A criança que ela abandonara ao tornar-se mulher lhe vem à mente. A boneca que carregava nos braços ainda está intacta sobre sua cama, na casa de mamãe e papai. Ela não consegue mover os lábios. Então, eis que ao piscar os olhos surgem olhares - todos voltados para ela. Em nenhum deles havia expressão. A luz azul não mais havia e sua solidão fora embora juntamente com seus sinais vitais. E agora? – Pensava ela. Bem-vinda ao Inferno, Parlo. – saudou o Anjo, antes.

Cuidada

De repente as idéias clarearam, ainda que as palavras estivessem embaçadas. Passei tempos nadando em uma incerteza profunda, com angústias a me socorrer. De que adianta – pensei comigo mesma – nadar em dúvidas e apoiar-se em mágoas? Para que servem as mágoas? As vezes prefiro ter lembranças de nada e nenhum. Eu quero é paz. Hoje aprendi a cuidar. Cuidei das palavras, dos gestos e das expressões faciais. Cuidei porque quis. Posso ser muito inexpressiva aos outros, enquanto que, para mim, estou sendo extremamente clara no que quis apresentar aos que vêem. A intenção de cuidar era não deixar qualquer que fosse o ser desconfortável. Qualquer que é – e é. Quem acabou segurando a bomba - e digo de tal – fui eu. Ao pisar em terra firme desci do salto, soltei o cabelo, lavei o rosto e botei abrigo. Confortou-me o fato de poder rir altíssimo ou simplesmente ficar em silêncio. Nem sempre aquilo que se quer é o que se precisa. Eu não precisava cuidar de nada. Eu quis. E é quase crível – se não fosse a sílaba in que acabei de acrescentar no início da palavra – que aceitei tudo. Pesa muito. Porém, sossega. Não entende? Pois é, nem eu.

maio 23, 2008

encontre agora ou se perca de vez

maio 20, 2008

na rua de deus

descobri que a escuridão me inspira. inspira pelo simples fato de que a luz limita a visão para aquilo que está ali e não há que descobrir mais nada, pois já está o "todo" bem diante dos olhos, abertos. já a escuridão força o cérebro a criar um porto para o corpo se apoiar, o coração não parar e para as mãos sentirem. surge agonia. insegurança. dá vontade de pular e medo de cair. desperta vontade, mais uma necessidade, de tocar. fugir. pensar. girar. gritar. a escuridão é a obra mais desafiadora, irritande e ainda uma das que melhor tem capacidade de trazer paz à mente. talvez cada ser humano seja um poço escuro; tal a sua falta de autoconhecimento e sua individualidade repleta de anseios desesperados de felicidade e pranto. seu paradoxo perfeito. será que achei uma das respostas? respostas. razão. cazuza - quase sempre certo. poeta. humano. qualquer sentido vago de razão.

abril 26, 2008


Eu quase sempre odeio excessivamente o vazio virado em nada que anda perambulando minha cabeça momentaneamente – portantonão pensante.

abril 22, 2008

tem algo destruído aqui dentro
alguém partiu daqui há algum tempo

abril 10, 2008

Sobre o sono

Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz... (to be continued.)

março 29, 2008

(à esquerda)

será que aqui existe um coração? (talvez ali...) pra que serve? (serve pra quê?) que adianta existir sem viver? (que estranho é amar sem sofrer...) será que é isso? (afinal, o que é isso? - ou a início.)
e agora, pra onde a gente vai? a gente eu não sei. eu vou pra lá. (nem aqui nem ali; lá. já sabe, né?)

Febril

e lá estava ela. a tal dita. dita que ninguém falava. não era bem dita, não era mal dita. apenas dita. falava para si, enxergava sua espera. via, de longe, um trem cego que percorria suas entranhas, agitava seus instintos, confundia sua cabeça. uma confusão envolvente, uma bruma sem nome. com nada. estava despida de seus pudores, de suas fantasias cotidianas. vestia apenas um arrepio que vinha da nuca até a canela. (ou seria o contrário?) os pés estavam inquietos. os olhos viam o negro de uma pausa. o coração sentia encostar no peito aquela mão. parecia que ia quebrá-la por inteiro. os cabelos eram longos - nem tão atraentes -; os lábios que deixavam-na curiosa. olhos que acertavam-na feito punhais. esquartejou-se em mente. mentiu sobre o que era aquilo. aquele. aquela. dita. bendita seja a noite - esta. maldita ansiedade - a dita. sorte encontrarem-se. destino cruzarem-se. os copos continham veneno, mas nada era mais perigoso que aquela voz cuspindo palavras embrulhadas em lâminas. veneno é o tempo. ela era só mais uma. nome não sabia; nem interessava. apenas não queria acordar. sabe-se onde? lá?

março 27, 2008

Fecho as portas. Escondo-me entre paredes. Abro a mente. Tento resgatar um passado mal resolvido, um tempo que dei e que nunca concluí. Agarro-me ao volante, piso no acelerador, apago o carro, não coordeno os movimentos. Freio. Tarde, mas freio. Caos. Medo. Insegurança. Decepção. Onde estava minha cabeça? Não poderia estar com ela, não parecia ser possível. Mais uma noite brincando com o desconhecido, mais uma vez dando de cara – quase que literalmente – no concreto. Quase. Tem gente que gosta do estrago, eu nunca me senti atraída por tal. Eu gosto de me entregar ao momento, deixar que ele me guie na mais avassaladora dança ou na mais cruel esquina. Não gosto do estrago. Já estraguei diversas vezes e isso não me trouxe nada de bom. De repente acabei por entregar-me a momentos não tão certos; porém, não me entreguei em vão. Levo comigo, sempre, algo de qualquer momento, sejam lágrimas ou sorrisos. Aprendo. Cresço. Carrego histórias. Adquiro experiência. Não sai barato – se vale a pena correr o risco, não há preço a ser calculado. Acordei menos teimosa. Temi. Chorei lagos. Depois ri. E ainda, rio. Pode nadar a vontade, aqui ninguém afoga-se sem querer. O passado ficou pra trás e em um único estalo – e digo de estalo – ele parou de me engolir. Acelerei antes de frear. E acelerei tarde.

março 20, 2008

About Her.

Tudo em seu mundo era colorido e quebrado. Fazia magia com o sorriso e desvendava com a intuição. Com os olhos, adormecia e acordava. Olhos que eram negros como noite sem luar, e quando expostos à luz do sol tinham a cor da terra. Ria com eles; chorava com os mesmos. Gritava, expulsando, de si, seus demônios. Ela os tinha em grande número. Eles não a abandonavam sem que ela os expulsasse - fosse com um grito ou um singelo sorriso. Sabia sorrir como poucos - e adorava -; não que fosse difícil sorrir, mas ela ria de si mesma, de sua desgraça e de suas vitórias, da alegre e amarga realidade que a cercava. Nada estava perdido. Gargalhava à vontade. Observava na espreita. Falava baixinho, falava pouquinho. Ao repôr as energias falava rindo, debochava falando. Era, misteriosamente, presa em si mesma. Tinha sempre uma palavra de conforto, uma palavra amiga, uma palavra necessária. Quando precisava, procurava em si essas mesmas palavras que dizia aos amigos, mas não as encontrava. Então, escondia-se em um vazio interno, sentava a cabeça, repousava o coração. Esvaía-se em lágrimas. Levantava o corpo com a alma recomposta. A luta continuava e a vida era bem ali.

março 14, 2008

"Back to black?"



As lágrimas escorriam pelo meu rosto. Nem precisei levantar a cabeça para perceber que a lágrima havia se confundido com a chuva. O céu inteiro chorou comigo. Minha blusa que camuflava verde, camuflou céu. Camuflou cinza. Todos corriam e eu não. Não tinha pressa para nada, a ferida não iria curar se eu corresse. Foram gotas, apenas gotas. E eu precisava de um céu em prantos, derrubando água de nuvem a nuvem. Não aguentei; já não aguentava. De repente, as cápsulas não pareciam tão péssima idéia. Já as tomava para dormir uma noite, duas, três. Quantas, delas, eu precisaria para dormir todas as noites, de uma vez? Os prédios agora projetam sombra. O céu parou de chorar, mas eu não. O pranto que eu desejei para o céu é meu. Parece que os dias escuros estão de volta.

março 12, 2008


O que escrever quando a cabeça está cheia de pensamentos incompletos?

Posso começar por esquecer. Quando começa-se a esquecer? Quando a retina irá cansar-se das mesmas cores que a apedrejam de prazer e desgosto? Será que minha retina gosta de rotina? Se gostar, não posso contar com ela para esquecer. Posso contar com a distância! Pois, aquilo que os olhos não vêem, o coração não sente. Certo? Não.

E a mente? Se o que a retina não alcança, o órgão responsável pela minha vida não percebe, qual seria a função da mente? Fora o fato de ela me contrariar a cada instante. (Claro, digo isso como ser incontrolavelmente pensante) E o meu livre-arbítrio? Se eu sou livre para fazer aquilo que quero e minha vontade é esquecer, por que não consigo? Por que meu livre-arbítrio não se aplica a mim mesma? Se tudo fosse apenas uma questão olhos-coração, o mundo seria um grande The Sims e Einstein um extra-terráqueo - se é que não foi. Na realidade, fica fácil o homem reduzir a si próprio em simplicidade de anseios e ditos, tal o seu medo em descer às suas profundezas.

Sou feita de complexidade – não acho que seja a única, definitivamente - e uma mistura de pensamentos contraditórios. Poderia passar horas discutindo com minha mente sobre tudo que aprendi nos livros, porém que nunca entendi. O dia que parar de me contrariar, já posso dormir. Sei o que é a definição do amor pelos meus colegas e minha professora de Comunicação e Psicologia. Porém, que tanto sabemos, nós, meros seres humanos – muitas vezes vítimas da angústia solitária - sobre o amor ou qualquer outro, denominado, “sentimento”? Sei que amar é oferecer sem pedir nada em troca; sem querer em troca. Sei? (Ditos, ditos, ditados...)

Quem me fez em mente, pupila e coração?


Ainda
não sei esquecer, mas consigo não lembrar. Nunca. Sempre. Ainda.


Comecei por esquecer e não lembrei de terminar. (Mas, por que TUDO tem que ter fim?) Será que esqueci? Ponto pra mim.

janeiro 12, 2008

Vendo e fazendo para mim um projeto de mim mesma. Cada dia uma nova de mim, toda noite um outro porquê. Refaço-me das trevas de onde joguei um cansado eu e vôo por entre as nuvens idealizadas por mim. Suaves e macias elas são, abraçam-me com o carinho exatamente imaginado - sou generosa sorrindo e mais, ainda, flutuando. Reforçando a idéia, para mim, que mesmice não é ponto forte de qualquer eu que eu seja.

Sob(re) cinzas em mente

Hoje acordei e vi que o dia seria ruim só de olhar pela janela. Não, não se enganem: adoro dias cinzas. Combinam perfeitamente com meu humor seco e deu o acaso - ? - de o dia estar cinza e o meu humor seco (rá!). Porém, eu senti que o dia seria ruim. Pra começar, a mãe não me chamou insistentemente de manhã com a desculpa adorável e irritante de sempre: de noite não vais dormir. E quem disse que eu pretendo dormir à noite, mãe? Mães sempre pensam que sabem tudo - tudo bem, na maioria das vezes elas sabem -, mas a minha ainda não aprendeu a medir minha capacidade de dormir, está acostumada com a menininha dela que tinha insônia todas as noites. E hoje ela não me acordou e, confesso que, senti bastante essa falta. Acordei com a claridade do dia penetrando nas falhas da persiana e, em seguida, ouvi a voz do mano e a da mãe na sala. Levantei. Pus os olhos na mesa, que já estava posta, só esperando por nós. Quando a olhei melhor tive a confirmação: o dia é ruim.

Salvo pelo frio tímido o dia acabou não sendo dos piores. Aliás, se eu pensar positivamente - e confesso, isso está sendo realmente complicado - o dia foi muito melhor que eu esperava. Até por que, passei o dia com a vó e suas guloseimas. Ela é a peça fundamental da minha vontade de pisar naquele prédio com lembranças nada nítidas ou agradáveis. Cada vez que olho fundo naqueles olhos cansados e sábios, penso: quero ser assim. Quero ter as rugas lindamente desenhadas e harmoniosas, um sorriso gentil e sincero, olhar sábio e nada educado e, mais ainda, ser herdeira do melhor abraço. A casa da vó é sempre confortável e acolhedora - exatamente como ela. Será sempre o meu álibi.

Andei na rua por volta das 15 horas. Há tempo que não tenho tal coragem, mas para minha sorte o sol esteve de folga hoje. Apesar de triste, um dia cinza é capaz de clarear pensamentos. Comigo, por exemplo, é mais ou menos assim: uma tempestade impetuosa, quase um vendaval na minha cabeça durante os dias de sol; então, de repente - após muitos surtos - tudo vai se acalmando e as noites ficando mais longas no meu mundo, contrariando os dias em que o céu do mundo externo chora como uma criança sem a chupeta. E, assim, como acontece com a criança, que depois de tanto procurar sua chupeta a encontra e se acalma com ela entre os lábios: BUM!, surge um arco-íris no céu e outro na minha mente, o qual eu consigo sentir e deslizar a minha alma; uma longa viagem, onde tenho tempo para refletir os olhos e a consciência, até chegar ao tão cobiçado pote de ouro. Se bem que, na minha mente, não é ouro que o pote possui e, sim, soluções.

É tudo muito complicado. Está tudo muito complicado. Nem consigo me expressar direito com tantas palavras em mente e pontuações obrigatórias - que fazem tudo ficar mais bonito e organizado. Tenho sono e a claridade de um novo dia cada vez, mais, me obriga a deitar - meu pescoço também pede por tal ato. Por fim, a conclusão que cheguei de um dia longo e de pensamentos borbulhantes, é a de que não foi um dia ruim, foi um dia bastante proveitoso e útil - sexta.

janeiro 08, 2008

a versão nova de uma velha história

um dia ela olhou para cima. viu nuvens brancas, céu azul, dourado sol. quando olhou pro lado, viu quem esperava, mas nunca mais vira. olhava-o com olhos sorridentes e molhados, boca rasgada e sedenta. ficou parada esperando ouvi-lo, mas daquela boca não vinha nada; nem sorriso, nem palavra. aqueles olhos não eram os mesmos e aquela camisa ela não conhecia. o rasgo da boca ficava pequeno, os olhos apenas molhados, os primeiros passos, depois de tantos já dados, estavam hesitantes e as pernas fracas. o pensamento era forte, sabia muito bem como deixá-la insegura. chegando perto daquele corpo e afastando-se, simultaneamente, de tal coração. pôs a mão sobre a boca dele e sussurrou na mesma: "não quero ouvi-lo". de olhos fechados e cercados por um silêncio fatal, que apenas era quebrado por suas respirações ofegantes, os braços juntaram-se em um consciente último abraço. ele afastou o corpo. ela secou o rosto e seguiu em direção à casa. ele a seguiu. entraram no quarto - seu. ele tirou as roupas do armário e ela o assistiu. as palavras não eram ditas - nem precisavam. depois de pegar seus pertences levantou-se, foi até a porta da casa que tinham comprado juntos, a qual teve as plantas regadas com tanto amor e as paredes pintadas com tanto gosto, olhou o mais fundo de pôde naqueles olhos e lhe disse: "obrigado". sem entender e, agora também, hesitar ela perguntou: "por quê?". e ele, com espantosa frieza respondeu: "por facilitar tudo". engolindo a respiração, seca, ela tomou as rédeas de suas palavras: "tudo o quê? te ver parado e distante de mim acabou com o tudo que havia entre nós; cada promessa, plano, cumplicidade. não tenho interesse em cultivar um amor não-mútuo. teus atos mudaram a pessoa que sou, e se hoje te olho com dor é por que a sinto. não te dou direito algum de não me deixar sentir. se minha sinceridade te parece obscura, talvez seja por que te falta coragem de conhecer a tua".
supreso com a reação daquela doce mulher que conhecera e que agora soava tão ríspida, indagou: "a minha sinceridade?" com os olhos fixos e certos ela respondeu, novamente: "não, tua escuridão e teu medo. tua covardia é maior que esses músculos, tua sinceridade e teu caráter. eu não o amei sendo assim. eu amei outro. amei quem tu eras. pode voltar de onde vieste, por ti não derramo mais lágrima. talvez derramasse pelo outro, mas aquele se foi há tempo e eu percebi tarde. vendei meus olhos e vendi minha alma à uma felicidade cômoda. nunca quis comodidade, apenas felicidade e pensei que a tivesse em minha vida. se me enganei, fiques certo de minha pressa em corrigir tal erro. pois se, aqui, algo acabou foi o amor - o nosso - não a minha vontade de ser feliz".

- Lola? If I were to die right now, what would you do?

- I wouldn't let you die.

- Yeah, but if I was deathly ill, and there wasn't any possibility of saving me?

- I'd find one.

- But let's just say I'm lying in a coma, and the doctor says, any day now.

- I'd drive you out to the ocean and toss you in the water. Shock therapy.

- Yeah, great, but if I were still dead?

- What do you want to hear?

- Just tell me, okay?

- I'd go to Rügen and spread your ashes in the wind.

- And then?

- How should I know? Such a dumb question.

- Well, I know. You'd forget about me.

- No way.

- Yeah, yeah, for sure. At first, you wouldn't be able to live any longer. I mean, of course you'd cry, especially the first week. Everything totally emotional and depressing and... it's all so endlessly sad. You'll always be deathly tired, at first. And you can show everyone how really strong you're being. 'Oh, what a poor woman', they'd all say. 'She's got such a grip on herself and isn't hysterical, doesn't cry the whole day away or anything like that...' And then, all of a sudden, here comes this interesting nice type with those green eyes. And he's so supersensitive, listens all day long, and banters so wonderfully. And then you can tell him how bad things have been for you and that for the first time you have to take care of yourself and that you don't know how to go on with things and blah, blah, blah. And then, finally, you're sitting on his lap, and I'm scratched off the list. That's how it goes.

- Manni.

- What?

- You're not dead now.

janeiro 07, 2008

TOO MUCH INFORMATION

Não sei por onde começar. Já tentei escrever sobre cinco assuntos diferentes e nem, sequer, consegui... começar. Cada vez torna-se mais difícil entender o que acontece. Dentro da minha cabeça, então, acho que passa um pouco de tudo, de tudo - um pouco. Quando consigo parar e olhar para os lados, só consigo ver solidão e ilusão. Palavras fáceis de entender e difíceis de cumprir. Tão sonhadas e esperadas palavras, tão amargas pós-realizadas. Andar "sobre ovos", estar sob a vigilância dos outros - "que outros?" - sentimentos sempre a postos e dispostos, esperando uma vaga no coração. É como caminhar em direção à uma placa que diz "saída" e nunca ver verdade depois dela. O mais complicado em querer acabar ou sair, é quando quero fugir de mim. É quando não tenho como sair, e, conseqüentemente, não tenho pra onde ir. É quando não consigo ver qualquer placa, nenhuma lágrima. É quando sou incapaz de ler meus pensamentos e, mais ainda, de decifrar meus sentimentos. Dizem que cada saída é uma nova entrada - "quando?". Pode, até, ser, mas sem sair eu nunca vou descobrir.