março 20, 2008

About Her.

Tudo em seu mundo era colorido e quebrado. Fazia magia com o sorriso e desvendava com a intuição. Com os olhos, adormecia e acordava. Olhos que eram negros como noite sem luar, e quando expostos à luz do sol tinham a cor da terra. Ria com eles; chorava com os mesmos. Gritava, expulsando, de si, seus demônios. Ela os tinha em grande número. Eles não a abandonavam sem que ela os expulsasse - fosse com um grito ou um singelo sorriso. Sabia sorrir como poucos - e adorava -; não que fosse difícil sorrir, mas ela ria de si mesma, de sua desgraça e de suas vitórias, da alegre e amarga realidade que a cercava. Nada estava perdido. Gargalhava à vontade. Observava na espreita. Falava baixinho, falava pouquinho. Ao repôr as energias falava rindo, debochava falando. Era, misteriosamente, presa em si mesma. Tinha sempre uma palavra de conforto, uma palavra amiga, uma palavra necessária. Quando precisava, procurava em si essas mesmas palavras que dizia aos amigos, mas não as encontrava. Então, escondia-se em um vazio interno, sentava a cabeça, repousava o coração. Esvaía-se em lágrimas. Levantava o corpo com a alma recomposta. A luta continuava e a vida era bem ali.

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