julho 06, 2008
temor
temo a tempestade
não temo o amor
mas temo amar-te
a isso temo
porque temo que não temas
a ardência de meus sussurros em tuas orelhas
e a transparência de meus suspiros em tua nuca
julho 04, 2008
4 de Julho
Minha melhor amiga
Ela é rude, mas aprendeu com o tempo que todos têm seu valor.
Ela é simples, no jeito de se vestir. No jeito de calçar os sapatos. No modo como usa seu all star velho e amarra os cadarços com lentos lacinhos.
No entanto, mesmo assim, ela é tão sofisticada. Discursa tão bem e tão bonito. Convence qualquer um. De suas loucuras, de seus temores.
É intensa. Profundamente enriquecedora. Culta. Inteligente.
Uma mulher do século XXI, com os princípios de uma princesa medieval.
Ela é meu cérebro. Meu ponto de partida e de chegada. É minha irmã. Minha cúmplice. Minha consciência. Minha festa. Meu alvoroço. Meu silêncio.
São tantos os vocábulos que te definem. É tão profundo meu sossego quando penso em nossa amizade.
Tu és uma mãe. Uma filha. Um livro. Um copo de leite. Tu és um abraço apertado, uma alma que entende minhas loucuras, meus fascínios, minhas aventuras, meus erros e meus acertos. És única.
Te admirar se tornou um hábito. Desde as primeiras poesias que escrevias na nossa infância. Já eras tão decidida, enquanto eu mal sabia o que eram rimas. Agora és uma futura jornalista, e eu, eu que mal imaginávamos em uma faculdade. Dou-me de cara com o tempo ultrapassando todas as barreiras.
É mais uma fase que estamos juntas. E mais. Muito mais. Somos o exemplo perfeito da cumplicidade, da amizade verdadeira, do afeto, do carinho. E, posso sim, me gabar disso.
Fazes 18 anos... E um silêncio toma conta das minhas letras. Eu mal sei onde termino e tu começas. Sei exclusivamente que somos a dupla exata. Com muitos sorrisos, muitas histórias para contar aos nossos filhos – que serão primos de sangue imaginário -, com muita sorte, com muito charme, muito xuxexo, e claro, muito sarcasmo. Afinal, o que seria de mim sem as tuas gargalhadas.
Esse é o nosso tempo. Essa é a nossa juventude. E agradeço aos céus, por alguém ter feito meu caminho cruzar com o teu, amiga.
Eu te amo muito
Um beijo enorme e um abraço de urso, daqueles.
junho 29, 2008
ainda
ando sem dom
ando procurando inspiração
ando procurando
ando encontrando
ando encontrando aos tropeços
ando frustrando o meu ser
ando identificando
ando temendo
ando ouvindo
ando falando
ando pensando
ando olhando pra baixo
ando cansada
ando contente
ando noturna
ando sem rotina
ando sem rumo
ando sem chão
e ainda ando
junho 13, 2008
Sempre Lanna

Talvez isso seja pequeno. Uma homenagem pequena para uma grande pessoa.
Hoje és, ainda, maior. Maior perante a lei, sempre maior perante os outros. Porém, continuas sendo a minha “baby girl”. Sempre serás. Aquela da voz fina. Que é forte, que luta, que fala e muda de idéia falando – afinal, triste é aquele que não tem idéias para mudar, já dizia o poeta. És aquela que é tão parecida comigo e tão diferente de mim. És a minha metade. És. És humana. És alguém. Alguém que chora, sorri, debocha, diverte, ouve, cativa e sente. Sentes, sempre sentes. Sentes compaixão, amor, vontade, felicidade. És apaixonada pela vida e ela por ti.
És minha irmã e és indócil. Tu dizes que sou teu chão, pois eu digo que és meu céu. Tu és para onde corro quando preciso de colo ou, simplesmente, enriquecer meu dia. Despertas em mim outra; querendo muito, capaz de tudo. És linda dos cabelos picotados, olhos negros e profundos, até a alma. Tens alma. Alma de garotinha, de mulher, de artista. Metade Amélie, metade Marilyn.
Completares dezoito – muito bem vividos – anos é, também, o meu aniversário. Como é bom estar contigo em mais um 13 de Junho! Faço parte da tua história, assim como fazes parte da minha. Já não conseguiria viver sem teus conselhos, nossas conversas, nossas gargalhadas, nossos abraços, nossas palavras, sem ti. És imprescindível. És mais parte de quem sou do que imaginas. Ah, e como imaginas! O mundo é teu, Neneca. As cores são tuas. O inferno são os outros. Tens contigo toda a força que precisas, podes ter certeza. E tens em mim um poço de luz, que sempre vai te iluminar quando estiveres sob alguma nuvem.
Amiga, tu és mais, muito mais. E eu quero, aqui, humildemente te parabenizar. Que tu continues sempre assim; sempre meiga, sempre alegre, sempre simples. Sempre Lanna. Eu te amo demais. Um beijo estalado e um abraço apertado.
junho 08, 2008
junho 07, 2008
Idealizo uma sala - mais parecida com um banheiro. De vidro. É tudo em tons de azul, até a luz. Um azul claro, quase branco. No meio do ambiente há uma banheira branca. A água ali contida é azul, devido à iluminação. Dentro da banheira há uma mulher usando roupas vermelhas, sua pele é branca – não azulada – e seus cabelos são negros. Em seu rosto e corpo há marcas de violência. Ela não sente dor, apenas tenta nadar naquela água contrastante. É dia lá fora. De repente, ela sente um aperto em seu peito. Sua boca seca e seus olhos parecem insignificantes. Não há sinal, não há relógio. A criança que ela abandonara ao tornar-se mulher lhe vem à mente. A boneca que carregava nos braços ainda está intacta sobre sua cama, na casa de mamãe e papai. Ela não consegue mover os lábios. Então, eis que ao piscar os olhos surgem olhares - todos voltados para ela. Em nenhum deles havia expressão. A luz azul não mais havia e sua solidão fora embora juntamente com seus sinais vitais. E agora? – Pensava ela. Bem-vinda ao Inferno, Parlo. – saudou o Anjo, antes.
Cuidada
De repente as idéias clarearam, ainda que as palavras estivessem embaçadas. Passei tempos nadando em uma incerteza profunda, com angústias a me socorrer. De que adianta – pensei comigo mesma – nadar em dúvidas e apoiar-se em mágoas? Para que servem as mágoas? As vezes prefiro ter lembranças de nada e nenhum. Eu quero é paz. Hoje aprendi a cuidar. Cuidei das palavras, dos gestos e das expressões faciais. Cuidei porque quis. Posso ser muito inexpressiva aos outros, enquanto que, para mim, estou sendo extremamente clara no que quis apresentar aos que vêem. A intenção de cuidar era não deixar qualquer que fosse o ser desconfortável. Qualquer que é – e é. Quem acabou segurando a bomba - e digo de tal – fui eu. Ao pisar em terra firme desci do salto, soltei o cabelo, lavei o rosto e botei abrigo. Confortou-me o fato de poder rir altíssimo ou simplesmente ficar