junho 04, 2015

Depois

Tenho a morte trancada na garganta. Descubro a dor de assistir a vida continuar. Não lembro de acompanhar tão de perto a existência dos outros - a nossa - seguir - estreita, pesada, igual - enquanto a de alguém, parte do mesmo elenco, foi interrompida pelo fim.

O tempo engoliu uma peça do jogo. E ainda assim o tabuleiro exige ação.

A rotina é o tumor da perda.

A mesa dele continuava intacta. O telefone, a calculadora, a agenda. Estava tudo ali. Sem ele.

A vida é esse labirinto que leva a gente sempre pro mesmo lugar.

Qual o propósito?

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