janeiro 08, 2008

a versão nova de uma velha história

um dia ela olhou para cima. viu nuvens brancas, céu azul, dourado sol. quando olhou pro lado, viu quem esperava, mas nunca mais vira. olhava-o com olhos sorridentes e molhados, boca rasgada e sedenta. ficou parada esperando ouvi-lo, mas daquela boca não vinha nada; nem sorriso, nem palavra. aqueles olhos não eram os mesmos e aquela camisa ela não conhecia. o rasgo da boca ficava pequeno, os olhos apenas molhados, os primeiros passos, depois de tantos já dados, estavam hesitantes e as pernas fracas. o pensamento era forte, sabia muito bem como deixá-la insegura. chegando perto daquele corpo e afastando-se, simultaneamente, de tal coração. pôs a mão sobre a boca dele e sussurrou na mesma: "não quero ouvi-lo". de olhos fechados e cercados por um silêncio fatal, que apenas era quebrado por suas respirações ofegantes, os braços juntaram-se em um consciente último abraço. ele afastou o corpo. ela secou o rosto e seguiu em direção à casa. ele a seguiu. entraram no quarto - seu. ele tirou as roupas do armário e ela o assistiu. as palavras não eram ditas - nem precisavam. depois de pegar seus pertences levantou-se, foi até a porta da casa que tinham comprado juntos, a qual teve as plantas regadas com tanto amor e as paredes pintadas com tanto gosto, olhou o mais fundo de pôde naqueles olhos e lhe disse: "obrigado". sem entender e, agora também, hesitar ela perguntou: "por quê?". e ele, com espantosa frieza respondeu: "por facilitar tudo". engolindo a respiração, seca, ela tomou as rédeas de suas palavras: "tudo o quê? te ver parado e distante de mim acabou com o tudo que havia entre nós; cada promessa, plano, cumplicidade. não tenho interesse em cultivar um amor não-mútuo. teus atos mudaram a pessoa que sou, e se hoje te olho com dor é por que a sinto. não te dou direito algum de não me deixar sentir. se minha sinceridade te parece obscura, talvez seja por que te falta coragem de conhecer a tua".
supreso com a reação daquela doce mulher que conhecera e que agora soava tão ríspida, indagou: "a minha sinceridade?" com os olhos fixos e certos ela respondeu, novamente: "não, tua escuridão e teu medo. tua covardia é maior que esses músculos, tua sinceridade e teu caráter. eu não o amei sendo assim. eu amei outro. amei quem tu eras. pode voltar de onde vieste, por ti não derramo mais lágrima. talvez derramasse pelo outro, mas aquele se foi há tempo e eu percebi tarde. vendei meus olhos e vendi minha alma à uma felicidade cômoda. nunca quis comodidade, apenas felicidade e pensei que a tivesse em minha vida. se me enganei, fiques certo de minha pressa em corrigir tal erro. pois se, aqui, algo acabou foi o amor - o nosso - não a minha vontade de ser feliz".

2 comentários:

Daniela disse...

Olá, moça!

Obrigada pela visita e pelas palavras deixadas no meu blog. Seja sempre muito bem-vinda no reino de Actea. ^^

Gostei muito desse teu texto. Acho que escreves muito bem mesmo. Posso perguntar em que lugar do mundo te encontras? Geograficamente, claro =]

Adorei te descobrir! Ou melhor... Gostei que me descobrisses, assim tive a chance de encontrar uma blogueira interessante.

Um beijo.

Ricardo disse...

Po Renatinha, tas matando a pau. Deu vontade de ler o início da história, hehe. Muito bom, muito bom. Beijão.