janeiro 12, 2008

Sob(re) cinzas em mente

Hoje acordei e vi que o dia seria ruim só de olhar pela janela. Não, não se enganem: adoro dias cinzas. Combinam perfeitamente com meu humor seco e deu o acaso - ? - de o dia estar cinza e o meu humor seco (rá!). Porém, eu senti que o dia seria ruim. Pra começar, a mãe não me chamou insistentemente de manhã com a desculpa adorável e irritante de sempre: de noite não vais dormir. E quem disse que eu pretendo dormir à noite, mãe? Mães sempre pensam que sabem tudo - tudo bem, na maioria das vezes elas sabem -, mas a minha ainda não aprendeu a medir minha capacidade de dormir, está acostumada com a menininha dela que tinha insônia todas as noites. E hoje ela não me acordou e, confesso que, senti bastante essa falta. Acordei com a claridade do dia penetrando nas falhas da persiana e, em seguida, ouvi a voz do mano e a da mãe na sala. Levantei. Pus os olhos na mesa, que já estava posta, só esperando por nós. Quando a olhei melhor tive a confirmação: o dia é ruim.

Salvo pelo frio tímido o dia acabou não sendo dos piores. Aliás, se eu pensar positivamente - e confesso, isso está sendo realmente complicado - o dia foi muito melhor que eu esperava. Até por que, passei o dia com a vó e suas guloseimas. Ela é a peça fundamental da minha vontade de pisar naquele prédio com lembranças nada nítidas ou agradáveis. Cada vez que olho fundo naqueles olhos cansados e sábios, penso: quero ser assim. Quero ter as rugas lindamente desenhadas e harmoniosas, um sorriso gentil e sincero, olhar sábio e nada educado e, mais ainda, ser herdeira do melhor abraço. A casa da vó é sempre confortável e acolhedora - exatamente como ela. Será sempre o meu álibi.

Andei na rua por volta das 15 horas. Há tempo que não tenho tal coragem, mas para minha sorte o sol esteve de folga hoje. Apesar de triste, um dia cinza é capaz de clarear pensamentos. Comigo, por exemplo, é mais ou menos assim: uma tempestade impetuosa, quase um vendaval na minha cabeça durante os dias de sol; então, de repente - após muitos surtos - tudo vai se acalmando e as noites ficando mais longas no meu mundo, contrariando os dias em que o céu do mundo externo chora como uma criança sem a chupeta. E, assim, como acontece com a criança, que depois de tanto procurar sua chupeta a encontra e se acalma com ela entre os lábios: BUM!, surge um arco-íris no céu e outro na minha mente, o qual eu consigo sentir e deslizar a minha alma; uma longa viagem, onde tenho tempo para refletir os olhos e a consciência, até chegar ao tão cobiçado pote de ouro. Se bem que, na minha mente, não é ouro que o pote possui e, sim, soluções.

É tudo muito complicado. Está tudo muito complicado. Nem consigo me expressar direito com tantas palavras em mente e pontuações obrigatórias - que fazem tudo ficar mais bonito e organizado. Tenho sono e a claridade de um novo dia cada vez, mais, me obriga a deitar - meu pescoço também pede por tal ato. Por fim, a conclusão que cheguei de um dia longo e de pensamentos borbulhantes, é a de que não foi um dia ruim, foi um dia bastante proveitoso e útil - sexta.

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