E quando a retina do peito
Engole a seco a súplica da pálpebra
O arrepio imuniza o pensamento
E o todo vira cor
Na nudez de quem tem medo
julho 09, 2012
Dublê
Queria ser cover de mim
E cavar até o fundo
Pra descobrir o que há na minha escuridão
Sem me decepcionar com o que encontrar
Sem saber sorrir apenas por o que há lá
Queria ser cover de mim
Pra poder viver meus sonhos
Sem deixar de sonhá-los
E ser assim
Só mais um alguém que me conhece
Sem dó ou orgulho de mim
Apenas
Um ensaio do que sou
Um cover, uma cover
Uma imitação que dobra as expectativas
E no fim
Não mata a fome
Mas ronca o estômago
Como a embalagem bonita de um remédio
Com prazo efêmero de luta
E cavar até o fundo
Pra descobrir o que há na minha escuridão
Sem me decepcionar com o que encontrar
Sem saber sorrir apenas por o que há lá
Queria ser cover de mim
Pra poder viver meus sonhos
Sem deixar de sonhá-los
E ser assim
Só mais um alguém que me conhece
Sem dó ou orgulho de mim
Apenas
Um ensaio do que sou
Um cover, uma cover
Uma imitação que dobra as expectativas
E no fim
Não mata a fome
Mas ronca o estômago
Como a embalagem bonita de um remédio
Com prazo efêmero de luta
junho 05, 2012
Um menino
Ouvi uma história muito triste ontem. Uma
história que aconteceu há algum tempo. Talvez alguns dias. A história de um
menino que não queria mais ficar trancado entre as paredes de casa. Um menino
que ficou preso nos muros que ele mesmo construiu. Um menino como outros tantos
que não sabia mais caminhar. Que não achava a solução. Foi chamado de louco por
não saber as respostas. De uma forma desesperada e triste o menino tentou voar.
Mesmo sabendo que possuía asas curtas e que logo seu corpo encontraria o
concreto. Os gritos do menino embalavam sua passagem pelo ar. Acho que gritava
pra sentir um pouco de vida entrar pelos poros; pelos olhos. A vida que ele
bloqueou de entrar ao se fechar pro mundo. A porta que ele trancou quando o
mundo lhe deu as costas. De repente, o céu lhe responderia. Então, ele abriu o
corpo pro universo. Até que caiu. Só um menino. Um menino que buscava por outra
forma de vida. Viu no ar uma nova fonte. Um menino que pagou um preço alto por
ir ao topo de seu limite. Lá de cima ele viu sua vida despencar. A nova vida
lhe custou a capacidade de pisar no chão com os próprios pés. Só um menino. Um
menino como a gente. Um menino que precisava de ajuda pra se reerguer. Um
menino que teve os sonhos roubados pela dor. A história muito triste de um
menino que não sabia voar. Um menino que ainda precisa de ajuda pra
caminhar.
maio 31, 2012
Considerações finais
Desde que comecei a buscar pela felicidade me tornei menos interessante.
Antes, eu não me importava.
Eu apenas vivia.
Antes, eu não me importava.
Eu apenas vivia.
maio 29, 2012
Chuva na capital
Se acomodar na incerteza
É deixar a solidão entrar
Mas solidão deveria possuir
Um espaço só seu
Que não invadisse nenhum lar
E não possuísse ninguém
Quem não possui nada seu
De incertezas vive
Solidão incerta
É a certeza mais triste
É deixar a solidão entrar
Mas solidão deveria possuir
Um espaço só seu
Que não invadisse nenhum lar
E não possuísse ninguém
Quem não possui nada seu
De incertezas vive
Solidão incerta
É a certeza mais triste
maio 24, 2012
Submersão
De onde vim, pra onde fui
Um vazio gelado se fez de um assobio
Agudo e belo como canta a dor
Silencioso e turvo como a passagem de uma lágrima
Misterioso e tenso como a espera da certeza
Logo, assim, me torno quem não conheço
Como quem vomita as entranhas
Só com o suspiro de um sorriso
Que ninguém enxerga o que é
Pois não entende por que vive
Quando esquece o que já foi
maio 07, 2012
Entre estrelas e saudade
caminhei, caminhei, caminhei e só vi estrelas
um caminho iluminado não sei por quem
talvez por mim
talvez seja eu
talvez é minha luz transbordando pelo poros uma alegria e um alívio desconhecidos por tantos e que tanto eu vi saudade
há uma felicidade
saudade de senti-la dançando em minhas veias como a música que entra por um ouvido e não sai pelo outro até eu me permitir parar de senti-la
quando sentir é novamente meu verbo
e pensar volta a ser minha habilidade
outra vez a liberdade
tão única e também a única que não quero decifrar
se é substantivo ou adjetivo se é minha ou se é rima
liberdade pra sentir e liberdade pra pensar
liberdade pra caminhar e liberdade pra ver estrelas
liberdade pra gargalhar
liberdade pra engolir a seco e a molhado o que nei lisboa cantou nos versos daquele cd que não para de tocar no som e retumbar no que eu te digo
e te tropeço e me derrubo e caio sempre na mesma esquina
eu só queria entrar na dança
e acabei sem ritmo
e com um copo vazio e um pulmão cheio me despeço e volto a ser
assim como quem não fez muito
assim como quem dói
assim como quem descansa
assim como quem não quer sentir outra saudade de ser
assim feliz
abril 27, 2012
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