Quando damos por nós estamos fitando as paredes, esperando respostas. Respostas que não vêm de perguntas conscientes. Esperamos entender coisas, pessoas e situações que em dias de sol aceitamos não terem razão ou sentido. Aceitamos porque ignoramos. Quando há chuva não há espaço para pensamentos rasos. Acredito que dias cinzas chegam, ironicamente, para iluminar. Ao fazermos esse passeio interno reconhecemos cada enfermidade. Focamos no que foi interrompido e, com sorte, conseguimos sarar alguma dor.
Nuvens escuras nunca se instalam sozinhas. Basta observar. Elas precisam umas das outras, como uma família. Como ovelhas que sempre andam em grupos. Talvez o motivo seja a própria fragilidade de uma nuvem. Sozinha ela não se sustenta. Não se encontra. Sozinha ela apenas vaga no céu. Vaga como o sensível cordeiro quando é separado de seu rebanho. Não há nuvem que resista ao sol. O choro de todas elas juntas, durante a tempestade, é quase desesperador. No entanto, ele não é retórico. Há momentos em que só a força de uma enorme tempestade para nos fazer realocar a intensidade que tanto depositamos em coisas, pessoas e situações erradas.
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